Poema de agora: D. JOSEFA. (Cem anos sem Solidão) – Luiz Jorge Ferreira

Tia Zefa – Foto encontrada no blog da Alcinéa.

D. JOSEFA. (Cem anos sem Solidão)

Tia Zefa espreitava Cybelle
para um duelo de letras, e palavras.

Quando o sol trocava de lugar com a noite,
atras do Grêmio Estudantil, e o beiço vermelho da Avenida Ernestino Borges.
A lua tinta de açaí cobria a si mesma com a poeira que subia ainda tonta,
que se fosse orvalho era doce, que se fosse ontem era hoje,
que se para uns era assovio de Matinta, e de outra visagens,
para meus olhos míopes, era dança ao som do Mar-a-baixo.

O que conversavam n’aquela língua de XI… !
-Nossa mãe! Não conta…! -Vixe Santa.

Coisas talvez que só a tradução mais feliz,
fosse feliz em traduzi-las.

Quando os cães latindo
avisavam, que dia de noite tinha passado.
Cada uma pegava seus momentos,
e entrava em si.
Disto tudo que falo…
passaram-se cem anos.

Luiz Jorge Ferreira

*O poeta Luiz Jorge Ferreira é amapaense, médico que reside em São Paulo e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (Sobrames).

  • Luiz Jorge Ferreira,
    Luiz Jorge,
    Luiz.

    A amizade e a grande consideração faz a gente ir encurtando o seu nome

    Acho bacana você escrevendo, indo jogando pitadas de sua terra nas coisas que escreve. É bem marcante. É bem Luiz.

    A “lua tinta de açaí”, e as tiradas como “o sol trocava de lugar com a a noite”, “que se fosse ontem, era hoje”.

    Muito interessante, muito bacana!

    E os assuntos que traz, sempre significativos, faz a gente pensar que Luiz também tem mais de cem anos.

    Que sua mente é um arquivo de lembranças de sua terra!

  • Nunca esqueça de dizer obrigado…o que faço agora a essas duas Pheras …Fernando Canto um arquiteto das palavras, e ao Carlos Gabriel…cujo o talento aflora nas Canções a semelhança dos Gorjeios dos Pássaros em seus afãs de Sonorizar a vida.

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