Das coisas que eu vim fazer aqui
A gente está aqui para aprender a voar no fim de tarde
Barcos de papel marché em busca do horizonte
Ao sabor de um ardente sol…
E sabemos tão pouco
Do tanto, do gesto
Do multiverso que abriga cada um…
A gente está aqui, sem dublê
E tudo é movimento, vida, ação
E a alma se bate toda no imenso labirinto
enquanto quixoteia moinhos de vento…
Parece que a gente devia ter vindo
Com manual de instruções
Quiçá, bula de contra-indicações
Com tarja de aviso: “Advertência: risco de dano severo às emoções”
E no reverso, a gente se faz de grande navegador
E descobre um mundo novo a cada abrir de olhos
E corre a vida só para não cair na apatia
De ir com a maré…
A gente veio ao mundo
Desinventar de ter medo
E aprender com a aerodinâmica sutil da borboleta!
E no meio do caminho, a gente prova-vida:
Manga, suor, sorvete: Existir é um banquete
Cada um se serve como pode.
A gente veio ao mundo se espantar
Cair de amores pelo pôr do sol!
Encher os olhos d´agua de ler um Pessoa
Vibrar numa matriz particular (Ou simplesmente mergulhar n´uma lagoa)
Só não vale não se apaixonar
Não experimentar, não mover com força o próprio coração
Não se encantar, não arriscar, não se vestir de luz e cor
Só não vale não ser , falar,sentir, doar…
AMOR!
Jaci Rocha
*Publicado no blog “A Lua não dorme”.
4 Comentários para "Poema de agora: Das coisas que eu vim fazer aqui – Jaci Rocha"
Amo poesias maledicentes…que nos driblam.
Nós jogam ao meio dos sentimentos mais antagônicos…
E nos fazem a paz.
Obrigado por sempre nos ler, comentar e incentivar, Luiz Jorge. Abraço!
Gostei. É lindo e cheio de leveza, assim como a Jaci.
“A gente está aqui, sem dublê”, enfatiza a poeta-filósofa. Que maravilha essas sacações poéticas. O existencialismo se absorve nos versos de Jaci.