Poema de agora: Dependurados contra o Sol – Luiz Jorge Ferreira

Dependurados contra o Sol

Jesus Cristo estava brincando com os vírus que tinham sobrado do Sarampo.
Quando minha mãe gritou para os Cúrios que sobrevoavam sedentos o Igarapé.
Podem pousar e beber, as águas do Pacoval não ardem.
Na Mongólia os lagartos ouviram a tradução em Libras, e correram em direção às dunas abandonadas na Líbia.
O Mundo é Azul.
A Terra é Azul.
E Eu sou Blue.

Não tenho obrigação de domar Botos, nem me amigar com Mururés.
Minha obrigação é colorir os ventos, fazer trança nas brisas, maquiar as bruxas, e colocar suas sombras de cócoras.
Enquanto Ontem de Anteontem.
Deus ensinava as estrelas a brilhar.
Faço trejeitos sutis para as estátuas de ceras dos Pastores de Ovelhas no Recôncavo Baiano.

Mamãe insiste com o bando de Cúrios …as águas do Pacoval não são tristes, se aproximem delas.

Uma nuvem jovem louca para mudar de cor e provocar trovões e relâmpagos.
Ajoelha-se em torno do menino de cabelos cacheados, que em Aramaico, lhe aconselha que beba d’água morna e sedosa, com que o Pacoval banha os tralhotos.
Minha mãe grita em Esperanto…as águas do Pacoval não ardem.
Em silêncio…eu desenho em Braile na areia sobre restos de escamas de Sereias e Caramujos lilás… Eu sei!

Luiz Jorge Ferreira

* Poema oriundo no dia 23.07.2020, também conhecido como Hoje. Osasco (SP) – Brasil.

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