DEPOIS DE MORTA
quando eu estiver morta,
enterrada sob a terra
o que terei?
o que verei?
raízes de belas florezinhas,
ou o emaranhado
das ervas daninhas?
sentirei o calor
de lágrimas pungentes,
o apenas o frio cortante
da chuva renitente?
terei o olor
de incenso queimado
em minha memória
ou a putridão dos
companheiros da hora?
se nada mais resta de minha alma
nada disso importa.
mas enquanto há vida,
mesmo que seja meio torta,
me respeite e me trate bem
é o que te peço agora.
PAT ANDRADE