Poema de agora: DÉRAME E MIDERA – Joãozinho Gomes

Foto: Uirandê Gomes

DÉRAME E MIDERA

Midera foi-se com a sua foice de vidro,
ceifou o que me dera, Dérame,
devido eu duvidar
da vã quimera
que mera, Dérame me dera. Eram
meras Homéricas Dérame e Midera,
porém, astutas,
às tantas das manhãs apacamaicas
saíam em seus cavalos âmbares
a galoparem por sendas insondáveis,
livres entre livros indeléveis,
entre leves lidos livros
livrando-me
dos danos que Delives, o Desdém,
desde de dantes me impusera.
Dera-me Midera,
a Visão, a palavra-seta
que cita a voz de Dérame a prever-me
a um livro vão – por que não cri na deusa
mera? – a citar Midera como a deusa
que me dera a visão
que crer em Dérame.
Quem me dera ter vivido esta ilusão…

Joãozinho Gomes

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