Poema de agora: DESPUDORADA LUA!! – Patricia Cattani

DESPUDORADA LUA!!

Desavergonhada lua!
Que vaga na noite escura,
Desfila na passarela orbital,
Oferecendo-se toda nua. Vai amoral!
Romântica e desejada lua universal!
Oh! Desvairada Lua.

Fogosa Lua!
Presente nos ardentes desejos,
Sucumbida de infinitos beijos,
Regalo de todos os amantes,
Pensas até que és um brilhante,
OH! Pretensiosa lua!

Incontestável Lua
Quanto mais gorda, mais bela e nua.
Míngua em arco, esbelta, quase uma atleta.
Seminua se mostra ao poeta.
Oh! Formosa Lua!

Sedutora lua!
Musa de cantores e poetas,
Produto de tantas promessas,
Recitada em versos de poesia,
Musicada nas mais belas rimas,
pelos boêmios nas noites frias.
Provocante e Promíscua Lua!

Apreciável Lua!
Seja mulher, homem velho ou criança,
Lua se mostra sem pedágio ou cobrança.
Sem preconceito, seja amor branco ou preto,
Faz-se bela e admirada no leito.
Adorável lua!

Prometida Lua!
Ao amor rico, ao amor pobre, seja plebeu eu nobre,
Seja de ouro ou de cobre, serás a oferta do dia.
Não chores!
Desfrutável lua!

Descolorida e acinzentada lua!
Sem cor, sem calor, sem pudor.
Descolore amores, sem piedade ou dor,
Oh! Implacável lua!

Investigável lua!
Conquistada sem consentimento,
Nas guerras do mundo imenso,
Neil Armstrong na corrida espacial,
Ou na espada de São Jorge e coisa e tal.
Mística Lua!

Ditadora Lua!
Dita a hora de fecundar a semente.
O instante do rebento nascente.
Norteou civilizações antigas.
Maias, Astecas e Incas.
Oh! Sabedora e conhecedora lua!

Lua das luas de mel.
Que leva os noivos aos céus,
Depois te mancharam o branco véu,
Te esconjuraram como réu,
Deram-te dissabores em fel,
Oh! Difamada e condenada Lua!

Lua das dores do mundo, dos moribundos vagabundos
Lua do jovem soldado aspirante, que já sem esperança e com temor errante,
Na cama de campanha da batalha, na ausência da noiva resguardada
Fez-te lua, a última amada.
Oh! Generosa Lua!

Lua dos acalantos
Da Magia dos encantos, Lua de todos os santos.
Dos descontentamentos e lamentos.
Cortejada pelos poetas loucos em desvarios,
Lua vazia e fria cai em risos,
Pois eles a tem como única amada.
oh! Debochada lua desalmada!

Lua desnuda e crua.
Lua de tantos amores,
Brindada com licores.
Lua de poucas cores,
Na noite se deixa como uma gueixa,
Muda e calada jamais se queixa.
Oh! Submissa lua!

Amável lua!
Faz-se bela, como nunca, mirada da janela ou da rua.
Namorada dos homens, perseguida pelos lobisomens.
Tantos amores em seu roll, mas quem a faz brilhar é o rei sol.
Oh! Misteriosa e eclipsada lua!

Mas és de fato dos amantes.
Sua tarefa mais importante,
Seja culta ou crua,
Oculta, nua ou obscura,
És sem dúvida alguma
A soberana. Lua de tantas luas,
ÉS A MAIS NOBRE DAS PUTAS
OH! DESPUDORADA LUA!!

Patricia Cattani

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *