DIA DE SOL
Dois bolos de cenoura
A lareira abandonada
E três dias de sol causticante
Isso é o que restou do teu olhar
Na minha cama
Prometo vender tudo
Até o bolo estragado
O sol já é de todo mundo
A lareira da casa é que tem valor
Faz mesura com as cinzas das cartas de amor
É o amor dessa casa que quero vender
E entre o vestido rasgado
Do delírio do sonho dourado
E as coxas em solidão
Do delírio da tua mão
Quero viver coberta de cinza
Ladra que sou do que vendi
até que a explosão do sol me atinja
e evapore-se no asfalto
fagulhas de amor que reparti
Carla Nobre