Poema de agora: Do amor não correspondido – Bruno Muniz

Do amor não correspondido

Não sou como tu,
me envergo à menor ventania;
desabo às melodias de Mozart
como se as lágrimas dissessem-me: cala-te.
Não sou como tu,
sou de invernos sentidos,
de cálidos dias;
levo comigo inóspitos sorrisos,
mas apesar de tudo,
jamais desejei sequer um dia que não fosses feliz.
Tu
que viveu por contratos,
assinava teus beijos,
replicava os abraços.
Tu
que por não descrever-te,
me feris-tes às gotas,
qual milícias de vida.
Tu,
que tentei desamar-te,
expulsar-te dos poros,
devolver-te dos ombros;
mas amor quando nasce nos olhos
não finda nos bares.
Sem amor,
tens a dor de ser livre;
ao amor,
tens a dor por vontade.
E por mais difícil que se possa acreditar,
eu jamais desejei que não fosses feliz.

Bruno Muniz

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