Encharcado
Ah Terra das Águas
D’almas
Desalmad’almas
Sonhos e manhãs
Noturnas
Tardes sem horas
De aconchegos e
Des pejos
Pesos
Sorrisos de peixes
Couros e escamas milenares
No talho
Peles de gente
Barcos ao Sol
Caruanas nos dentes
Mulheres de suor
Nas lutas seculares
Cidade farta
E faminta
Des ejos
Dilúvios
Escambo de vidas
Flechas es pelhos
Roubo de lá
Dos batuques daqui
Correntes açoites
405 noites europeias
O Cabano benzido
Resiste no colo protegido
Ah Terra de Impostores invasores
Colonizadores
Baratos odores
Ah Terra de fertilidades
Do viço encanta Dor
Força que brota
Frutos canções
Da gente que sorri
Basta o açaí
Uma vitória
Um pot-pourri
De cupu
Castanha e bacuri
Ah Terra das Águas
De vilanias
Visagens elegantes
És um amor
Encharcado de eternidades
Todas as manhãs!
*Por meu pai, Abel, que me ensinou a amar sua terra tanto quanto a minha. Pela minha mãe Chica, de Peixe Boi, que amava bacuri e sabia tirar toda a polpa; e amava peixe frito com açaí no Veropa. Saudades e amor por Belém! (JH).