Poema de agora: Encharcado – Jorge Herberth

Encharcado

Ah Terra das Águas
D’almas
Desalmad’almas

Sonhos e manhãs
Noturnas
Tardes sem horas

De aconchegos e
Des pejos
Pesos

Sorrisos de peixes
Couros e escamas milenares
No talho

Peles de gente
Barcos ao Sol
Caruanas nos dentes

Mulheres de suor
Nas lutas seculares

Cidade farta
E faminta

Des ejos
Dilúvios

Escambo de vidas
Flechas es pelhos
Roubo de lá
Dos batuques daqui

Correntes açoites
405 noites europeias
O Cabano benzido
Resiste no colo protegido

Ah Terra de Impostores invasores
Colonizadores
Baratos odores

Ah Terra de fertilidades
Do viço encanta Dor

Força que brota
Frutos canções

Da gente que sorri
Basta o açaí

Uma vitória
Um pot-pourri
De cupu
Castanha e bacuri

Ah Terra das Águas
De vilanias
Visagens elegantes

És um amor
Encharcado de eternidades
Todas as manhãs!

Jorge Herberth

 

*Por meu pai, Abel, que me ensinou a amar sua terra tanto quanto a minha. Pela minha mãe Chica, de Peixe Boi, que amava bacuri e sabia tirar toda a polpa; e amava peixe frito com açaí no Veropa. Saudades e amor por Belém! (JH). 

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