Estathua
Não vôo mais.
Ando pela sala com minhas asas ensopadas de orvalho.
Com minha pele úmida , enrugada.
Com meu semblante manchado de passado.
Não vôo mais…
procuro estátuas sujas de sal, que pareçam comigo.
Para lhes desembaraçar os cabelos.
O Sol do lugar de onde vim, procura-me nesta noite escura.
Ele também escondido da luz.
Para me ensinar a colher amoras.
Não vôo mais, ando sobre minhas pegadas.
Criadas por desatentas caminhadas, de alguns anos atrás.
Não vôo mais.
Arfando corro sem direção a procura da minha vida.
Assustada ela voa pela Vasp.
Eu não vôo mais….
Luiz Jorge Ferreira
*Do livro Nunca mais vou sair de mim, sem levar as Asas – Editora Rumo Editorial – Osasco (SP) – Brasil.
2 Comentários para "Poema de agora: Estathua – Luiz Jorge Ferreira"
Eu gosto de tudo o que este poeta louco escreve!
Obrigado…essa admiração tem via dupla.