ÊXODO
vestiu-se de mar
e saiu pra ver o mundo
com seus olhos
há muito fatigados
sem se importar
com o futuro
seguiu em frente
desprendeu-se
do passado
partiu sem nada nas mãos
abandonou aleivosias
recusou a vil bagagem
levou apenas o coração
de cidade em cidade
em cada esquina
foi deixando
o pouco que tinha
um nada de dor
uma réstia de sorriso
um brilho no olho
um gesto de amor
sem olhar pra trás
ia e vinha
caminhava sozinho
seguia a própria trilha
em torno dele
vez em quando se via
estranho redemoinho
era assim que retomava
nas mãos calosas
o seu destino
Patrícia Andrade