Feira-saudade-fevereiro
No olhar marejado
Da chuva-fevereiro,
Esfriam na feira
Frutos e carnes;
Apesar do povo
Há vírus
E apesar do cinza
Há dia;
Resfria-se o domingo
Entre lama e asfalto
Nos corredores de ervas,
Peixes e polpas;
Resfria-se o domingo
Entre lama e asfalto
Na anti-solidão
Da Cícero Marques;
No olhar-fevereiro
Da chuva,
Esfria na lixeira
A fome dos urubus;
Apesar do povo
Há vírus e há dia
E apesar do cinza
Há dia e sobretudo;
Mora,
Nalpam e implacável,
No frescor da saudade
Quem não vai mais à feira
Mora,
Nalpam e implacável,
No frescor da falta
Quem não é Carnaval
Júlio Miragaia