Poema de agora: FOMES – Ori Fonseca

Ilustração: Retirantes, de Cândido Portinari.

FOMES

Qual o tamanho exato de tua fome?
Quanto naco de pão jogaste fora?
Vidas reclamam por teu lixo agora,
Alguma boca junto a ti não come.

Que latas buscas quando a tarde some?
O que procuras tanto noite afora?
A fome d’alma assombra-te na aurora,
Mas é a do corpo que humilha e consome.

O mundo fez da fome tua amiga,
Ela é essência de tua natureza.
Morres de fome e matas na incerteza

De não saber qual fome te castiga,
De quanta fome é cheia tua barriga,
De quanta fome é te servida à mesa.

Ori Fonseca

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