Poema de agora: Frevando nas Quartas de Cinzas

Frevando nas Quartas de Cinzas

Rodando a saia. Por toda a rua. O sol se espraia.
…Eu vou.

Cuspindo ao vento.Areia e tempo. Fagulhas e nós.
Malinando calado.Com o próprio diabo.Que gago se empolga
Na orla,na hora,na bronca. No ronco já tonto. Dos passos do frevo. Xinga o Governo, e a Cruz.

Eu lero lero, eu Putz Grillo. Engilho o engilhado ao lado oculto da lua.
Enrugo o lado Norte da vida.Ferido…abro a ferida e cuspo.Dou um play instantâneo.
Castigo os joelhos com pulos e uivos.Desalinhados com os pelos.Desavisados do apelo. Desencravados das unhas.

Calado eu canto um frevo maneiro.
Embora a Fevereiro, nem ame, nem goste.
Mas amo estar estranho esse ano.
No meio da chuva, beijando a ruiva, mascando chiclete, uivando serelepe, dizendo asneira, gritando ‘me castra’, batendo a tabaca, falando das Rosas, troçando dos troços, cuidando do fosso, zanzando com os ossos, mexendo com as ancas, invernando os trópicos, nevando o Saara, armando bobeira, salgando a festança, virando criança, ungindo de leso, pondo o feriado dos mortos na terça, cheio de mosquitos, soltando um grito, atrás de vocês.
Atras dos dez reis.Beijando pasteis. Subindo as escadas. Correndo p’ro nada.
…E tem gente p’rá Dedéu !

O padre mocinho….no vocal….E tem gente p’rá Dedéu…BIS.BIS.BIS. E tem gente p’rá Dedéu.

Luiz Jorge Ferreira

* Do Livro Pizza Literária (2017) – Da Sobrames SP. Brasil.

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