Poema de agora: Iconoclasta (Obdias Araújo)


Iconoclasta

A esperança
reduzida a cacos
salta aos olhos 
– meu olhar sanguinolento.
O messias jaz no pó 
tombado ao peso
de suas próprias falhas.
Onde a mulher
que fui buscar
no brega? 
Bebi com ela 
dancei com ela 
dormi com ela 
e só.
Despejam azeite 
sobre minhas muralhas.
Soam trombetas 
defronte ao meu repouso.
Lançaram sorte 
sobre meu manto 
e me deixaram nu.
A diaba protetora dos poetas 
em menopausa beijou-me os lábios 
e o cadafalso que me serve de abrigo 
ameaça ruir sobre minha cabeça.
Amaldiçôo
a todos.
Troco um olhar cúmplice 
com Maria – a magdalena 
e exijo meu espírito de volta! 

Obdias Araújo

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