Kurimãtã
Estou como Rita Lee.
Vestido de índio deitado na grama do quintal sem sol e sem sal engravidando os Horizontes.
Jogando cartas com as formigas, afogando Pirilampos na cicatriz do meu umbigo repleto de suor, olhando as unhas dos pés crescerem milímetros por Século, assoviando Ravel.
Sobrevivo absorto olhando aos céus para flagrar Deus acordando.
Estou do outro lado da vida.
O lado do avesso… depois do Arco Íris, que trago cristalizado na retina.
Ontem pedi ao dia que não corresse tão rápido como um Negro Corcel.
Implorei as Borboletas que não ousassem trocar suas cores por neons pálidos.
Ouvi trovões e raios, mas só me enamorei do rio, se alimentando da chuva vespertina que deliciosamente sufoca as maçãs.
Sou um velho índio pescador de nuvens e semeador de lembranças
no qual as Primaveras ruidosamente, cicatrizaram vidas.
Luiz Jorge Ferreira