LABIRINTO
Ontem morri de medo, hoje só morro.
A cada som de sirene na esquina,
A cada voz que me chama: “ei, menina”!
A cada instante em que paro ou que corro.
Perdi a conta de pedir socorro.
Em cada pico frio de adrenalina,
Em cada tom a mais de melanina,
A cada bota em escalada ao morro.
A chapa é quente no breu da cidade,
O sangue é frio, a carne é fraca e fria,
A dor é só um detalhe da agonia.
No labirinto, o inverso é realidade:
Diz-se que, morta, eu vivo a eternidade,
Mas, viva, sei que morro todo dia.
Ori Fonseca