Poema de agora: Loba – Kassia Modesto

Loba

No meio da noite um grito
Um uivo, um suspiro;
Na tela da parede pintada
É ela, doidivana indecente
Seduzente, Entorpecente;
A minha droga guia,
Meu claustro real,
Imperial no auge da minha loucura
A minha cura, incurável.

No meio da noite um grito
Um uivo, um suspiro;
Um decote aberto
Decerto esperto, eu tropeço,
Minha estrela prima, obra primeira,
Te pego faceira, menina dos meus olhos
Sentido de minha boca,
Ouvidos de minha pele;

No meio da noite um grito
Um uivo, um suspiro;

Meu mastro por ela erguido

Perdido em sentidos
Sentido em ti por inteira
Outorga do meu corpo, documento pele a pelo
Pedido de socorro, entregue recebido ao terceiro.
Peito, pele, pelo.

No meio da noite um grito
Um uivo, um suspiro;
Um porta retrato vazio
Seio latejante
Latente
Um beijo frio.
Minha doidivana prima sen(ti)da
No meio da noite, perdida.

Kassia Modesto

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