Macapaaba
Cheguei pra te ver rebelde
No arco-íris do nosso horizonte
Mas enxerguei reacionários ao teu redor
Roendo teus doces e surrupiando teus salgados
Salta dessa roda de flibusteiros
Que te fazem indigente todos os dias
Indígena Aruaque, Mulher Negra Tucuju, minha Cabocla feliz
Salta teu pulo de gata
Livra teu grito
Mira nos embusteiros
Balança essa rede de panemas
Um sopro vendaval
Pra expulsá-los de teus seios
Solta neles um soco
No saco
Na boca do estomago
Não atira pela culatra
Acerta o passo
Acerta a mira
Destila tua (l)ira
Nos que te fazem mal
Acerta neles o quebranto
Dos séculos
Joga-os nas marés brabas
Dos Caruanas barrentos
Ferozes do teu lindo rio
Faz desse rio imensidão futura
O presente é teu
Dona de destino bravio
Deusa dos rios e ventos
Musa das Amazonas
Do meu grandioso amor
De meu olhar atento e apaixonado
Por tuas luzes e batuques
Rainha das danças de saias rodadas
Coloridos Bailiques
Doces Aporemas e Araguaris
Não permita mesmices baratas
Teu sonho é outro
Grandioso
Teu futuro é ouro
De tudo o que te roubaram
Não permite mais esse passado
De piratarias gravatas
De reinados ancestrais
Forjadas nas mãos da escravidão
Teu suco é Macapaaba
Não solidão e dor
Teu suco é sabor
Alimento de tuas filhas
Que são como tu
Nobres e resistentes
Macapaaba do Equador!
Jorge Herbert