Memorial Macapá-Santana (1989-1990)
I
Trapiche,
Madeira
Maré alta,
Vento regresso.
Museu das chuvas
Que adentrei.
Artéria.
Atas secretas.
Ossificação das águas.
Água-solidão.
Asa de extintos astros.
Tambor de coração:
Voador, pretérito.
E não identificado.
Memorial do fruto
Migratório,
Pedras e ventos
Na mochila.
Usuário das asas da chuva.
Cinzeiros de quase minério.
Estrada de ferro,
Borboletas,
O cajueiro
Na direção
Do Equador.
As linhas frias,
Afônica memória
Da velha morada de madeira.
II
O porto
E os ombros
De dejeto
Da cidade,
Correm
Na velocidade
Do barro.
O galo ossifica o dia
Com seu úmido DNA
De dezembro.
Desabrocham
Nesse tempo,
Do íntimo jardim,
Caminhadas
E árvores utópicas.
Júlio Miragaia