MEU REPERTÓRIO DE ESTUPIDEZ É VASTO
Meu repertório de estupidez é vasto.
Nele meu ser encontra o pasto,
nele meus discursos são escritos,
nele vivo exorcizando conflitos.
Meu cabedal de estupidez se prolifera
pelos cantos da cidade: quimera
presente em nossos vis destinos,
puxando as cordas puídas destes sinos:
que bimbalham na catedral vazia
onde, humilhado, ofereço minha homilia
aos deuses que vagamente intuo,
quando das minhas apostasias recuo.
Meu repertório de estupidez é pleno.
Nele meu ser encontra bom terreno
para desvairar-se perante o mundo
neste seco linguajar moroso e bundo.
(Paulo Tarso Barros)