Miragem
o asfalto treme sob o sol
a mão suspensa no ar
não pára o passante
o desespero no olho
não comove outros olhos
o tempo só aprofunda
os velhos cortes
o barulho das latas
abafa um canto doído
o peso da vida
vai envergando
o corpo raquítico
nas passarelas roídas
pelos passos corridos
um sorriso resiste
na casa azul e branca
por trás da cerca
as roupas dançam no varal
Pat Andrade