Poema de agora: Miragem – Pat Andrade

Miragem

o asfalto treme sob o sol

a mão suspensa no ar
não pára o passante
o desespero no olho
não comove outros olhos
o tempo só aprofunda
os velhos cortes

o barulho das latas
abafa um canto doído

o peso da vida
vai envergando
o corpo raquítico

nas passarelas roídas
pelos passos corridos
um sorriso resiste

na casa azul e branca
por trás da cerca
as roupas dançam no varal

Pat Andrade

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