A Moça e o Vento
Há muito tempo, o vento se apaixonou.
Naquele entardecer, uma moça
No banco do parque se sentou,
Pálida tal qual porcelana ou louça.
O vento se debatia desesperado
Tentando tocá-la, em vão.
Chegou até a virar tornado
E as árvores foram arrancadas do chão.
Vendo, infeliz, que não deu certo,
O vento, enfim, virou furacão.
Queria abraçá-la, tê-la por perto,
Mas daí veio outra decepção:
O mundo se tornou um caos
Causado por tantas intempéries;
Os humanos se tornaram maus
Revoltados pelas fúrias naturais em série.
O vento então parou em um cume
E percebeu qual seria a solução:
Arejaria os cabelos da moça, e seu perfume
Restauraria a paz em toda a nação.
O vento hoje, portanto, vai e logo vem.
Fica um bocadinho, mas não permanece.
Pois o vento, tal qual o amor, vai além:
Eterniza no coração, mas no físico… Evanesce.
Lara Utzig