Não nos afastemos
Não nos afastemos, cantou um pássaro
Ou um poeta em uma noite asmática
De chuva em Macapá
Não mergulhemos na omissão
E nas bolhas intumescidas e líquidas
Desse tempo de multidão e de robôs
São homens que nada sentem
Além das próprias metamorfoses,
Frágeis
E alimentadas de árvores de medo
Não nos afastemos
Apesar da raiva invertebrada
Porque
O peito é um abismo que
Desaba
Enquanto a esperança
Espera nossa canhota coragem
Para caminhar
Não nos afastemos,
Todos cabemos
No labirinto do futuro,
No futuro
Que ainda nem se prometeu…
Júlio Miragaia
*Para os amigos que vivem e lutam por sonhos indestrutíveis.