Poema de agora: NO AR – @fernando__canto

 

NO AR

Ao homem é dado o fado
De sepultar segredos
De enterrar memórias
E de segregar vontades.

No ar em que circula o pó
Da angústia
Está toda a tragédia
E o rol das incertezas
Das ações humanas.

Ao homem não se nega
A face dos mortos perigosos
A dádiva de santos enlevados
Nem o dom de diluir a arte
Em volúpias e intemperanças.

O homem não sonega
O sonho plantado à bruma da manhã
Hora em que dissipa o verbo
E surge o espanto em turbilhão letal.

Fernando Canto

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