Poema de agora: noites e borboletas – @juliomiragaia

noites e borboletas

I
brota livre,
brada e desencontrada,
da costura atômica
do teu vestido de nu,

o amorto corpo
de velha larva torta.

foge do pano,
prisão dos teus seios,
pra dentro
da pele
que não se peleja.

II
onde nós
nos beijamos
bêbados,
oxítonos
e bélicos
nas últimas horas;

onde os pingos
da lua
reverberam
em tua fruta
de pele madura;

III
morna
maré de
metamorfoses,

entre
minha boca
e teus rios.

IV
brota pela chuva
amorta e brada
essa velha larva torta,
costurada no teu voo
de vestido nu;

correm atômicas as ruas vazias e as consequências do corpo;

onde os pingos
da rua
maduram
em tua reverbera
fruta-maré;

minha boca
entre rios
e metamorfoses.

V
foge do pano,
prisão dos teus seios,
pra dentro
da pele

que não se peleja.

Júlio Miragáia

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