Poema de agora: Nômade – (@cantigadeninar)

 
Nômade
 
Nasci circense;
Nem americana,
Nem amapaense:
Sem morada.
Conheci apenas,
A duras penas,
O pé na estrada.
E, como passe de mágica,
Vi-me numa peça
Épica, romântica ou trágica:
Estava presa
Por vontade própria
Na cidade ilusória
De teus lábios.
No picadeiro
Estava entregue por inteiro
Em teus braços.
Depois de rodar tantos bares,
Estava eu ali,
Alvo de teus malabares,
Como vítima que ri
De seus azares.
Nunca caí do trapézio:
Meu truque é ser alada.
Mas no fim, dei-me por vencida…
Todos disseram: “palhaçada”!
Julgaram-me descabida
E seguiram viagem
Enquanto eu escolhi a vida
Sem quilometragem.
 
Lara Utzig

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