Poema de agora: NOTURNO EM DECASSÍLABOS – Rui Guilherme

NOTURNO EM DECASSÍLABOS

Não, não me faças crer em teu amor
que nele posso vir a acreditar.
Desilusão é sonata em tom menor:
leva o poeta, insone, a versejar.

Perdão foi feito pra gente pedir,
mas não é fácil dobrar o joelho.
Do orgulho, o que se pode extrair
é solidão, insônia, olho vermelho:

Deserto estéril de folhas secas,
na ilusão a que me induzes, pecas.
Assim, não me faças crer no amor.

A mão que afaga é a mesma que apedreja.
No delírio, em silêncio de igreja,
toca a tocata e fuga em ré menor..

Rui Guilherme

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