Poema de agora: O BERRO – Ori Fonseca

O BERRO

Eu não quero falar do perfume das flores
E não quero escutar o gorjeio das aves,
E tampouco saber se são brisas suaves
Os ventos que preenchem os campos de amores.

Hoje eu quero holofotes nos becos de dores,
Onde as solas das botas também são as chaves,
Onde a vida é um risco e esperanças, entraves;
Onde o horror é a aquarela de todas as cores.

Eu não quero cantar a poesia do esmero,
Nem fazer do meu verso a ilusão que cativa.
Hoje a minha palavra quer ser corrosiva.

Quando o choro ecoa na dor em exagero,
Quando a alma foge do corpo em desespero,
Onde a vida berra e lateja em carne viva.

Ori Fonseca

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