O CALDO
Eu posso ver os olhos do futuro,
Lá onde há só pranto e ranger de dentes,
Onde gemem incrédulos e crentes,
No caldo a cozinhar o injusto e o puro.
Ninguém há de escapar do frio escuro,
Lugar onde coabitam diferentes
Vidas: invertebrados, musgos, gentes,
Compondo um cadavérico monturo.
O futuro é sem peso e sem tamanho,
Sem lógica pra o ser que acha que vive,
Lembrança fóssil de onde nunca estive.
Lá no futuro eu tenho um sonho estranho:
A vida é um pesadelo em que acompanho
Minha alma a despencar em queda livre.
Ori Fonseca
1 Comentário para "Poema de agora: O CALDO – Ori Fonseca"
Para parabenizar pelo blog.
Que Maravilha.
Qto ao poema é bem Vc!
Colocando em palavras o espelho do mundo, onde chamas a pensar e conscientizar q o q é bom é pra todos e não p alguns. Tuas palavras não tortas mostra a vida torta de uma sociedade excludente mostrando os dentes de um sorriso sem graça e obscuro.