Poema de agora: O CALDO – Ori Fonseca

Ilustração: Queda Livre I. Escultura em argila de Raquel Saliba.

O CALDO

Eu posso ver os olhos do futuro,
Lá onde há só pranto e ranger de dentes,
Onde gemem incrédulos e crentes,
No caldo a cozinhar o injusto e o puro.

Ninguém há de escapar do frio escuro,
Lugar onde coabitam diferentes
Vidas: invertebrados, musgos, gentes,
Compondo um cadavérico monturo.

O futuro é sem peso e sem tamanho,
Sem lógica pra o ser que acha que vive,
Lembrança fóssil de onde nunca estive.

Lá no futuro eu tenho um sonho estranho:
A vida é um pesadelo em que acompanho
Minha alma a despencar em queda livre.

Ori Fonseca

  • Para parabenizar pelo blog.

    Que Maravilha.

    Qto ao poema é bem Vc!
    Colocando em palavras o espelho do mundo, onde chamas a pensar e conscientizar q o q é bom é pra todos e não p alguns. Tuas palavras não tortas mostra a vida torta de uma sociedade excludente mostrando os dentes de um sorriso sem graça e obscuro.

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