Poema de agora: O2 – Luiz Jorge Ferreira

O2

Deus!
O cara que bolou a Morte e a finitude dos Tiranos.
Deus é Phera.
Cara….bolou a vida …a simbiose…os ciclos biológicos…o casulo e a Metamorfose…bolou a saudade, mas logo em seguida bolou a esperança…bolou as arvores nos Oasis que nos oferecem frutos…para a solidão, bolou os frutos das fêmeas…bolou os idiomas e as cidadanias…bolou a expulsão do Egito…bolou a chegada em Israel.

Deus se fantasia de qualquer um.
Dorme debaixo das pontes barulhentas, em meio ao fedor acre de urina…mas respira.
O povo das tendas, o povo das ilhas, o povo dos desertos, o povo das montanhas, o povo das Bíblias, o povo de Andromeda, o povo da Atlântida, o povo de Sirius…respiram.
Todos os Arcanjos, Querubins, e alguns Duendes e Gnomos de pedra nas entranhas das Catedrais pelos tempos…respiram.

Estranhamente hoje não querem que eu respire, eu me chamo Vida.
Não querem que eu corras pelos campos, entre ruas e esquinas sob o Pôr do Sol.
Porque assim consumo mais ar.
Porque corro o risco de voar…
E se cair desmaiado, sujo da raiva de vê-los mesquinhamente me afogando
Deus virá e me dirá…respira!
E eu pela primeira vez, não poderei obedecê-lo.

Luiz Jorge Ferreira

 

*Osasco (SP) – 16.02.2021.

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