OBSCURO ABSURDO
acordei dentro do absurdo
num mundo obscuro
tateio em torno sem tocar em nada
em curtos passos exploro o parco espaço
reviro a casa, descarto objetos
misturo as rotinas, espano o teto
caminho a esmo pelo imaginário
me dispo das dores dentro do armário
não caibo mais em mim e a loucura me espreita
enxergo o jardim da janela à direita
mas não vejo flores
no mundo lá de fora não há desespero
mas posso ver as dores e o medo
viro de lado e tento dormir
amanhã, acordo cedo
Pat Andrade
*Poema de 2020, republicado por conta deste pesadelo sem fim chamado de Covid-19.