Quase amanhã
Se eu soubesse das engrenagens do mundo
Com certeza atrasaria o relógio implacável do destino
Na esperança que tudo fosse sempre inacabado
Um beijo
Um suspiro
Uma esperança
Os dias nascendo e tudo ainda por fazer
Se eu soubesse que cheiro tem o futuro
Entraria com tudo no hoje sem duvidar das vigas que sustentam minha estrutura quando já é quase amanhã
Mas não sei
Mas não sei
E controlo os segundos, o soluço e a respiração. E busco atrás dos cabelos o desfazer dos labirintos
que a gente sente e inventa com tanta intensidade que dói o corpo todo.
Eu não sei de nada e isso me alimenta
E mesmo que soubesse procuro um jeito de esquecer
Porque entre uma incerteza e outra, sempre nasce alguma coisa bonita e particular
O impensado que talvez acorde a gente do transe repetitivo que vem com o amanhecer. A vida lá fora espera tanta coisa da gente
Aqui dentro o peito tentando se equilibrar. Desce a cortina dos olhos
Desce a cortina do tempo
Rompe o silêncio com tudo
Pobre memória
Quantos anos tem um minuto?
Pedro Muriel (Vídeo e voz de Áquila Almeida)
1 Comentário para "Poema de agora: Quase amanhã – Pedro Muriel (Vídeo e voz de Áquila Almeida – @manudosertao)"
Muito bonita…bem construída…esse…’e quantos anos tem um minuto ‘
Realmente genial.
Parabéns.