Poema de agora: Quase Diário – Luiz Jorge Ferreira

Quase Diário.

Éramos muito jovens para fazer sexo.
Então de mãos dadas, e Havaianas trocadas, fomos aprender Inglês.

Gastamos momentos de uma noite escura a ‘ ver a lua ‘ beber água do rio.

Voltamos para casa molhados de suor, chuva e saliva, como em um frevo.
Eu vim pulando sobre a perna direita, fazendo
‘piruetas’.
Ela veio cabisbaixa, pensando em usar Rímel e diminuir a silhueta.

Eu pensei em Fevereiro ir morar no Rio de Janeiro.
Ela queria ser aprovada na prova de Admissão para a Escola Normal de Macapá.

Depois ficamos grávidos.
Ela ganhou gêmeos.
Dois dias depois, eu ganhei um violão.
Obturei um dente que doeu.
Comecei a usar óculos, e pisar errado nos degraus corretos.

Um dia eu mudei, fui de Varig, achando perto o imaginário.
Completei dezenas de Aniversários.
As crianças já devem parecer com humanos.
Rasgados panos, e planos.
Surtei casando avexadamente.

Perdi seu retrato no Cinema.
Entre as coxas de Helena.
Que até o filme terminar, nunca mais largou de mim.

Hoje eu volto ávido.
Extremamente pálido.
Já avô.

Luiz Jorge Ferreira

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