Poema de agora: Quente e Frio – Luiz Jorge Ferreira

Quente e Frio

Ela sob as luzes artificiais da Philips.
Não se importa com o fim da tarde, sentada no Bar.
Ela fuma.
Ela flutua junto com a fumaça.
Eu não me importo se ela calça 36.
Ela nem saca que o meu perfume é francês, e nem percebe o tom degradê das minhas lentes quando entardece.

Eu posso com o Celular, tirar-lhe várias fotos.
Ela pode fingir que não se importa.
Encobrir os lábios com um copo.
Dar um pulo ao banheiro p’rá retoques.
Ou desaparecer entre os guardadores de carro.

Eu posso escrever um poema…
Tipo:- Você enriquece a tarde!
Ou desenhar um hieróglifo Marajoara,
que decorei de uma cerâmica em Afuá.
Que nada significa nesse Bar.
Nem nunca ilustrou a Capa da Revista Caras.

Ou posso continuar anônimo…
Com os cotovelos apoiados a mesa.
Sozinho.
Tomando Vodka com Suco de Laranja.
Que nem a tarde, nem Marte, nem os guardadores de carro, vão dar a mínima.
E ela vai continuar sozinha, enchendo-se de Nicotina.
Acreditando que trinta e um anos, duram cinquenta.

Luiz Jorge Ferreira

*Osasco (SP) – em 03.09.2020.

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