Poema de agora: ROUTE 66 [OS VERMES SOBRE A LUA MORTA] – Para meu irmão Baby Franklin (Marven Junius Franklin)

Foto: Pedro Stkls

ROUTE 66 [OS VERMES SOBRE A LUA MORTA] – Para meu irmão Baby Franklin

Baby!
Tu não estavas comigo
quando fiz a rota estonteante de Kerouac [Oh! uma caça insana
pelas cercanias do fim do mundo!]
Sim brother!
Tu nem sabes…
mais como Edgar Allan Poe [ The mad poet]
solvi o néctar insípido da inspiração alucinada
Pasme Baby!
Em tardes mornas de Oiapoque [quando as tardes ateavam fogo no rio]
vi os vermes que se moviam doentios pela lua morta
a alastrar fés prolixas pelo píer de embarque
Entenda mano!
Que navegando a esmo pelas alamedas gris de Oiapoque
escutei a vozearia que emanava dos mortos em garimpos longínquos… [mortos adornados de paralelepípedos e face aterrorizada de tempestade]
Ó Baby!
Bukoviski deve ter rido de mim [amanhecido num pub em Los Angeles]
encharcado de boilermaker e delírios
[seu olhar impudico me disse do aspecto extenuado da velha prostituta]
Ah! Mano!
a embriaguez de agora é destinado aos meus mortos particulares
[a quem destinei todas as minhas noites em aberto defronte ao rio…]
Sabe Baby!
A Route 66 eu trago em meu cerne nômade
[a enaltecer o insólito]
sob as lonas policromados de um circo na velha Santarém
Sim! Sim!
Nosso velho pai [cor de aveia quaker] deve ter ambicionado fugir com os tristes saltimbancos em alguns momentos[ quando sentiu frio no pátio gélido do campo de aviação]
Baby! Baby!
Com os poetas excomungados [aprendi o que se pode ver além das velhas cercas de arame farpado que divisam castas e credos]
com Ginsberg e Whitman [desaprendi a predisser o empíreo com a lupa do conformismo…]
Ah! Baby!
Quantas noites em claro passei
lendo as estrelas que surgiam inermes em meu anfiteatro de dor [esperando que um trem de ferro cruzasse minha sala de jantar]
Sim brother!
Louis Zukofsky sou eu a galopar estradas de Imagismo
[vomitando rancor] quando as injustiças
espalhavam engodos e miséria pelas cidades perecidas
Ah! Irmão!
Do terraço do Bar do Parque
que in(lúcido) de bier[divaguei em desatinos]
aguardei o estranho adeus
[observando o ir e vir dos transeuntes
caminhando para o acaso!]

Marven Junius Franklin

  • Li e reli… excelente!
    Extramente envolvida com o abstrato, como portadora de um grande enunciado…que é ela própria…
    Achei esta homenagem…este recado…dado em Código Morse…
    Exuberante…
    Desde o título até o The end…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *