Poema de agora: Sem bagagem – Luiz Jorge Ferreira

Sem bagagem

Mãe! Eu não vim buscar nada, mãe.
Nem farinha torrada, mãe.
Nem estrelas cadentes.
Mãe! Eu não trouxe minha alma, mãe.
Que larguei pela estrada, mãe.
Nas manhãs do teu tempo.

Não prepare este doce de leite.
Não acenda estes olhos para me olhar.
Que eu não vim buscar nada, mãe.
Que eu não vim buscar teu luar.
Eu estou de passagem, mãe.
Eu vim para me… procurar.

Mãe! Eu não vim brincar de nada, mãe.
Nem fazer travessuras, mãe.
Nem fugir do teu ralho.
Mãe! E se eu trouxesse um sorriso, mãe.
E ele fosse um aviso, mãe.
Eu a encontrasse chorando.

Não prepare este doce de leite.
Não acenda estes olhos para me olhar.
Que eu não vim buscar nada, mãe.
Que eu não vim buscar teu luar.
Eu estou de passagem, mãe.
Eu vim para me… encontrar.

Luiz Jorge Ferreira

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