Sinal vermelho
vejo a exaustão triste
nos ombros e nos olhos
do homem no semáforo
a fome é quem ajuda
a sustentar o cartaz
suas crianças sujas
se distraem com as moscas
não despertam afeto
simpatia ou compaixão
por trás do vidro fechado
impaciência e repulsa
disfarçam o olhar desconfiado
a crítica se manifesta
e se exalta indignada
mas não enxerga
um palmo além da imagem
diante do para-brisa
a miséria é coisa da TV
vai passar em algum canal
o sinal se abre
e o tráfego segue
seu fluxo normal
Pat Andrade
2 Comentários para "Poema de agora: Sinal vermelho – Pat Andrade"
Pior que é sempre assim. A natureza humana dos dois lados. Valeu, poeta.
Em outras situações também é assim. Do outro lado do vidro vê-se uma outra realidade. Sem sol ou chuva calor ou frio. O cansaço tem outro sentido. Não é via de mão dupla!