Poema de agora: SORTILÉGIO – Luiz Jorge Ferreira

SORTILÉGIO

Cai a chuva sobre Londres.
Puta que pariu, porque tão longe?

Os poetas que eu conheço, apostam no sucesso,vindos do Nordeste do Nordeste.

Os poetas engarrafam o trânsito a porta dos Cemitérios.
E, é tão sério que os mortos não riem.
Fernando Pessoa, toma um chopp, em um Boteco de Vila Maria, e os lê, em Braille.
Os poetas tomam porrada a esmo.
Cachaça com torresmo, a Leste da Tabacaria.

Espantados com o amanhecer, procuram a noite em seus bolsos.
Atiram um mijo morno na terra roxa.
Os grafites se derretem, e choram preto.
E os poetas com todo o respeito, choram por mim.

Luiz Jorge Ferreira

* Do livro Beco das Araras – Scortecci Editora. 1990.

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