Poema de agora: Transparente Ébano – Luiz Jorge Ferreira

Transparente Ébano

Exuberante o gato de Porcelana olha Ana esfregar-se exangue no Conto Esplêndido de Lulih Rojanski.
O gato que nos olha da estante ilumina a noite com seus dentes de Marfim.
The End, sente aqui…vamos cear, nesta noite de breu, estamos todos nus.
Nada nos tira daqui, nada nos leva para o passado, a não ser a saudade de Ontem pregado nestas fotografias três por quatro que fixei na parede do quarto, onde a memória balança suspensa na solitária teia de aranha.


Nada mais nos resta a não ser o olhar míope de mamãe diminuído atrás de grossas lentes de grau.
Para mim o Mercado de almas, vai abrir as seis horas da manhã.
Para os Escoteiros atravessando o rio agitado sobre a ponte, nunca abrirá.
Os dromedário continuarão a atravessar o deserto sem reclamar do calor.
Um gato lhes olha de cima da Esfinge e finge que o Sol é um floco de neve e se derrete na sua seca língua.


Algumas Poetas agora são Esfinges.
Acreditam na doçura do fel.
Em Manhattam as pulgas assustadas com o som apático do violino de Paganini, saem do Palco.
Em transe os outros Gatos, distantes do Close de Hittchoch, fogem para o Norte.
Uma moeda de cem réis.
Uma moeda de cem réis.
Gritam dos telhados.
Sob luas apagadas, devendo muitas contas de luz, para a Enel.

Luiz Jorge Ferreira


*Poema criado após ler e aplaudir, de pé, um belíssimo Conto de Lulih Rojanski. Osasco (SP) – 25.08.2020.

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