URBE
a lentidão dos dias
revela impulsos estranhos
da janela dá pra ver
a fúria da cidade movendo-se sob céus difusos
seres repletos de ausência
escrevem frases indecifráveis
em cartazes muros e faixas
promessas vagas
desejos obscuros
a noite se infiltra nos becos
luzes pálidas iluminam
o passo solitário do poeta
anda em busca de asas
para erguer-se além
do mundo real
quer alcançar
a leveza das nuvens
o diáfano das galáxias
o íntimo das paixões
quer decifrar
o que há de oculto
nos túneis invisíveis
do urbano sombrio
Patrícia Andrade