VERSOS DE MORTE (Para serem declamados no cemitério às 06h00 da manhã, sob um temporal amazônico)
(Coro) (Solo)
1 – Sobre a forma original
Da ortodoxa
oficina
à paradoxa
doutrina
2 – Sobre a ordem Do assombro
oficial dos aflitos
aos escombros
dos conflitos
3 – Sobre o culto Da embriaguez
liberal dos alcoólatras
à avidez
dos idólatras
4 – Sobre a vista Do desconexo
casual duelo
ao perplexo
flagelo
5 – Sobre o sonho Da folia
angelical dos arlequins
à franquia
dos querubins
6 – Sobre a razão Do concêntrico
ritual desígnio
ao excêntrico
signo
7 – Sobre a idéia Da avareza
venal mercenária
à rudeza
sedentária
8 – Sobre a paixão Do augúrio
coloquial ignorado
ao espúrio
legitimado
9 – Sobre o objeto Da abrasível
social cibernética
à corrosível
dialética
10 – Sobre a paz Do sortílego
ancestral asceta
ao sacrílego
esteta
11 – Sobre o resíduo Da lógica
banal hemofilia
à escatológica
ossaria
12 – Sobre a arte Do inamovível
sazonal refúgio
ao crível
subterfúgio
Fernando Canto