Poema de agora: VIGIA – Ori Fonseca

Ilustração: Deivid Almeida.

VIGIA

A letra de meus dedos por onde anda?
Na noite umedecida de Belém?
A minha letra com você, se além
É só tranquilidade; terna e branda.
A cor e o odor da minha letra, Nanda,
Não têm textura e nota nem ninguém
Que possa encontrar nelas algum bem,
Que possa contemplá-las da varanda.
Mas em você, meu pobre verso é rico,
Mesmo sem asas, quer saber voar
E sem beleza quer se contemplar.
Você vigia o verso que fabrico,
E, como ilude a vida; e, como canta o Chico,
Você vai me seguir aonde quer que eu vá.

Ori Fonseca

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