Poesia de agora: O poema mal-agradecido (porque quem escolhe o título ainda é o poeta) – Bruno Muniz

O poema mal-agradecido (porque quem escolhe o título ainda é o poeta)

Sê arrependido, verso ingrato! Te fiz com o colo da alma, te pus um coração de viver-jovem e você vem dizer que à arte eu só me perco? Diminua teus motores quando vieres a mim, nem de teu verso eu gosto! Fi-lo por força de uma metonímia suburbana que conheci no Bar da Vinte. Por que não some? Na lua de Mercúrio há mais do sol! Vá! sem ti serei sempre o mesmo; sem mim serás um arrabalde sem geografia, faca de ponta escangalhada a ponta. Mira! És um poema acontecendo sobre o povo; graças a mim todos estão a ler-te! Como vens me pedir que eu encontre um costume diverso?
Me arremessem aos sertões que serei chuva; não haverá coisa alguma que eu não possa!
Onde já se viu! à arte eu só me perco? EU TE INVENTO SATÉLITES! energúmeno!
Mas tudo bem, aceito. Afasto-me da arte pra entrar pra história,
serei contista.
Perceba, leitor, que não desmereço um conto, este poema não vale o que escrevo.

Bruno Muniz

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