Portugal recebe o cantor amapaense Osmar Júnior

Por Cleber Barbosa

Por muitos anos as pessoas se perguntavam sobre quando o chamado “sul maravilha” iria descobrir a música popular amapaense, afinal são tantos os talentos locais que embalam gerações de amapaenses (nascidos ou não aqui) com uma qualidade musical inquestionável. Gente como o cantor e compositor Osmar Júnior, 53, que ao completar trinta anos de carreira está realizando um sonho – cantar (e falar) sobre as coisas tucujus para plateias europeias.

O convite partiu da Universidade de Coimbra, onde pesquisadores amapaenses estiveram participando de cursos de doutorado. Mas o destaque nessa agenda por terras lusitanas será a participação de Osmar no Festival de Cultura de Óbidos (sim a cidade homônima e original da paraense Óbidos). Mas nas duas semanas que ele deve passar em Portugal será possível realizar shows e até palestras. “Quero ter a oportunidade de falar mais sobre a Amazônia, especialmente a parte que nos cabe, que é o Amapá, estado mais preservado do Brasil”, diz Osmar, que julga termos (os amapaenses) autoridade para falar no assunto.

Para isso, o artista amapaense preparou uma série de produções em áudio e vídeo sobre o meio ambiente tucuju. “Na verdade a gente sempre falou da nossa natureza, nossa fauna e flora e principalmente de nossa gente. Foi isso o que atraiu os europeus a conhecerem melhor nosso trabalho”, diz Osmar, que começou sua carreira com o Movimento Costa Norte.

CAUSA

A primeira incursão da música amapaense em solo europeu foi no final da década de 1990, quando o grupo Senzalas gravou um Cd na Alemanha. O?grupo, formado por Joãozinho Gomes, Val Milhomen, Amadeu Cavalcante e Zé Miguel, também integrava o Costa Norte. O próprio Osmar Júnior esteve na Europa, há alguns anos, fazendo apresentações na Itália.

Ele diz que muita gente se arvora a falar e defender o meio ambiente e a floresta amazônica, mas a maioria gringos e artistas que pouco ou nada tem a ver com a realidade local. “Agora mesmo o Rock in Rio injetou um capital forte em Manaus, mas apresentou Ivete Sangalo e uma cantora de ópera, nada contra, mas e o boi de Parintins, o Tiago de Melo? E os outros produtores de cultura da Amazônia?”, questiona o cantor, que acrescenta “minha música sempre gritou isso, assim como outros artistas regionais que não podem ser esquecidos”.

A onda preservacionista não pode deixar de reverenciar os talentos que fazem sua arte como testemunho de convivência com a natureza.

Fonte: Blog do Cleber Barbosa

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