PRAÇA FLORIANO DO AMOR NONATO – Por Fernando Canto

o lugar onde está a praça Floriano já fez parte do grande lago que existia no atual centro de Macapá, desde a época da construção da Fortaleza de São José. Mas como o tempo muda tudo, mudam-se as feições, as formas e o jeito de ser da nossa cidade. Os costumes se modificam e a vida segue seu curso em constante transformação.

No caminhar pelos passeios da Floriano, cada passo faz brotar uma flor tingida de emoção pela presença musical do violão encantado do mestre Raimundo Nonato de Barros Leal. Leal mesmo, pois a vida toda ele abriu a janela dos seus olhos para abraçar e amar esta praça, e fez dela sua musa. Mas para amar este lugar é preciso exercitar o olhar por meio dos seus olhos d’água borbulhantes do fundo do lago, aprender a ouvir o trinado do instrumento do velho violonista e saber que cada nota pousa e voa, voa e pousa sobre as folhas do aningal que precedeu a praça. É um trabalho árduo para os que se aventuram no amor.

Memoráveis os dois – o lugar e o homem – as vezes nutrem-se de silêncio só para escutar a música da vida da cidade. Olha, que para ser memorável, um lugar precisa ter a admiração de quem o visita ou o circunda. E isso aqui é inevitável, pois a praça é bela desde a luz da manhã equatorial aos mistérios do brilho da noite. E sobre ela, a praça, ecoa, como o som da chuva, a magia das notas plangentes do violão do Nonato, assim como uma marca identitária do bairro do Trem.

Agora que os tapumes caíram e o olhar desoprimiu a paisagem, chove sobre todos o compromisso de reverenciar o trabalho e o lazer dos que amam este lugar, porque um lugar sem cuidado morre, sem lembranças não se identifica e sem amor sua existência não teria sentido. E o amor faz perdurar a riqueza de nossa memória coletiva, da nossa alma macapaense onde se integram, por ele, a música do Nonato e a beleza da praça.

*Este texto foi escrito para a reinauguração da Praça Floriano Peixoto no dia 04 de fevereiro de 2017 e está impresso em um dos três totens do lugar, no da rua Jovino Dinoá. Continua, então, a homenagem ao querido Nonato Leal, que daqui a alguns dias fará 90 anos de idade, sendo que 80 deles dedicados ao violão. VIDA LONGA AO MESTRE E ÍCONE MUSICAL DO AMAPÁ! (F.C.).

**Fotos encontradas nos blogs da Alcilene, Porta Retrato e Vanguarda Cultural e uma do fotógrafo Floriano Lima.

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