Por Juçara Menezes
Eu me separei.
Essa frase é o suficiente para começarmos falando sobre condenações: A de todos os envolvidos direta e indiretamente, a quem ouviu de um lado e não de outro, a quem sinceramente só quer ver sangue e a quem, de um modo ou de outro, se interessa pela fofoca.
Há uma semana, chorei demais ao perceber que nada, em nenhuma hipótese, vai fazer com que eu não esteja e seja condenada.
As pessoas em comum não falam comigo, o que entendi – depois de um tempo – ser perfeitamente natural, já que ouviram apenas um lado. O lado considerado mais fraco.
Depois de três meses de achincalhamento público nas redes sociais, e sem nenhuma resposta da minha parte, eles me consideraram culpada. Por tê-la ‘deixado’, por tê-la ‘traído’, por ser um ‘monstro de duas caras’.
Não foi nada disso, mas ‘quem cala, consente’. E eu havia resolvido ficar quieta sobre o assunto. O resultado é gente me odiando, parando de falar e comigo e até virando a cara em público, estando acompanhada ou não.
O ódio gratuito saiu de mim para minha namorada. As pessoas a odeiam, me disseram. Natural, já que acham que houve traição.
Nenhuma dessas pessoas veio me perguntar o por quê de eu ter saído de casa, nem quem me conhece pessoalmente, nem quem tem meu telefone particular – que é praticamente público.
Mas se as pessoas só se importam com o lado mais fraco, por que eu não falei do relacionamento abusivo?
Porque por mais que eu explicasse e desabafasse, sempre pareceu que ‘eu estava exagerando’ e não deveria expor nada.
Ou seja, calada eu consenti. Falando, estou errada. Natural, né?
Não, não deveria ser natural uma condenação sem direito de defesa, provas e testemunhas em favor do réu. Mas aconteceu, e eu não posso fazer mais nada a respeito.
Estou condenada.
E chorei muito semana passada.
E, essa semana, percebi que não dá para falar com cada um e dizer o que houve, como disse uma sábia amiga minha.
Então, decidi pelo conselho de uma outra amiga sábia: caguei.
Estou condenada, isso não irá mudar.
Então, continuo a viver a minha vida, a tentar ser feliz com o que restou de mim, este quebra-cabeça que vos escreve estar com peças faltando, outras danificadas para sempre e ainda as que se perderam por aí.
Existe uma boa notícia, eu juro.
Mas eu te conto só semana que vem.