Pseudo-realidade ou só uma paranoia? – Crônica de Ronaldo Rodrigues

Crônica de Ronaldo Rodrigues

Outro dia fui comprar água mineral e alguém me perguntou:

– Mas essa água mineral é mesmo mineral?

Até agora não consegui responder, porque pode parecer redundante (e deveria ser e que bom que fosse), mas não é bem assim. Água mineral deveria ser mineral, mas quem garante? Quem garante o que quer que seja quando se trata de algum produto que consumimos ou serviço que utilizamos?

Aquela pergunta se juntou a outras que trago aqui dentro, no depósito de dúvidas. Vivemos num mundo e numa realidade de tanta correria pelo lucro fácil que não há como descartar a hipótese de que aquilo que comemos, bebemos e vestimos esteja contaminado pelas intenções malévolas de quem não quer nem saber o que um produto adulterado pode causar.

Não dá para ter certeza se a água que compramos como mineral seja realmente água que veio de uma fonte pura, limpa. E o processo que faz essa água chegar até a embalagem e às nossas casas? Será que os padrões e as normas de higiene e segurança foram obedecidos?

Se a gente der terreno, a paranoia toma conta. Mas como não lembrar o caso da carne recheada de papelão? Como não pensar que nossas vidas podem estar nas mãos de pessoas inescrupulosas? Há muitos casos de tragédias que traduzem bem a falta de responsabilidade e o excesso de ganância, mas fiquemos somente em dois:

– As barragens da mineradora em Mariana/MG se rompem e inundam a cidade de lama e rejeitos sólidos. Aí vai se descobrir que as barragens não foram construídas de maneira a conter aquela torrente de detritos e proteger a população.

– Cai o avião que levava o time de futebol e descobre-se que as regras de segurança não foram obedecidas.

E não há garantia nenhuma de que esses casos passem a servir de exemplo e que façam com que as normas sejam cumpridas rigorosamente, que as autoridades redobrem a vigilância, que os infratores sejam punidos.

Quem coloca a mão no fogo pela comida feita em restaurantes chiques e caros? Eu não faço isso porque não frequento esse tipo de restaurante. Se é para arriscar, prefiro a lanchonete da esquina, já que sei a procedência das baratas que circulam pela chapa de fazer hambúrguer.

Calma. Esse parágrafo acima foi só para relaxar um pouco desse assunto que já está me deixando triste. Vou dormir agora e sonhar com um mundo onde não haja razão para preocupações, torcendo para que meu sonho não seja adulterado e que ele possa continuar merecendo a minha confiança.  Boa noite.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *