Quem nos dera um adeus digno – Crônica de Elton Tavares

 

Vovô, papai, Itacimar (tio) e Tagaha (jornalista), pessoas que sempre farão falta.

Crônica de Elton Tavares

Várias vezes, sonhei que conversava uma última vez com uma pessoa que partiu. Sim, alguns dirão que tenho muita imaginação, outros que sou ficcionista ou até mesmo assombrado (“sem sombra ao meio-dia em tempos de equinócio”, segundo o querido e Fernando Canto, rs).

Bom, o lance é imaginário mesmo. Quase sempre, imaginamos viagens no tempo para falar com pessoas queridas que se foram ou quem sabe alertá-las sobre um perigo iminente.

Não falo de viagens no tempo, provocadas por portais abertos no espaço-tempo como nos filmes “Donnie Darko” e “Efeito Borboleta”, cheios de possibilidades de mudanças e consequências.

Eu e meu irmão, Emerson, com o papai. Amor e saudades sempre, Zé Penha.

Também não queria psicografia, entoação ou algo assim. Falo da oportunidade de uma aparição da pessoa. Do amigo ou ente querido se manifestar logo após a desencarnação. Dessa forma poderíamos dizer ou escutar qualquer coisa do tipo: ‘eu te amo, siga seu caminho, pois vou cuidar de tudo por aqui’.

Seria ótimo dizer ‘se cuide’, quando a gente não poderá mais cuidar de alguém. Ou mesmo não dizer nada, apenas abraçar e sentir, poder dizer com o próprio corpo, o quanto aquele abraço vai fazer falta. Realmente seria bom pedir e dar desculpas, dizer um até breve, sentir e ver o trem chegar e partir. Porque, quando chega a hora, a gente não sabe e é mesmo uma história que termina em meio a reticências…

Com minha saudosa avó Peró. Amor e gratidão sempre por esse linda senhora.

Sem excessivo saudosismo e longe de ser lunático, e sem nenhum intuito de ferir o código de ‘futuro pré-determinado’ denominado Destino, o síndico de tudo isso aqui, de codinome Deus, poderia colocar mais essa cláusula no livre arbítrio: a possibilidade de se despedir. Seria ótimo. E como seria!

Não se trata de “consertar” nada, mas sim de uma última chance de diálogo, uma conversa franca, um adeus digno.

Mas a vida tem sua própria sabedoria…as crônicas também. E os sonhos, mais ainda.


*Do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”, lançado em setembro de 2020.

  • Essa dor chamada saudade inventa pretexto pra gente ficar inventando moda. E essa droga dessa lágrima que não limpa esse cisco logo? Mas que chato pensar a todo instante que deveria pensar em despedida. Não. Pensar nisso atrai despedida. Se for só um até e logo. E esses mistérios continuam misteriosos. Mas a vida tem dessas coisas. A ciência ainda não descobriu a imortalidade do corpo. Deus garante a imortalidade do espirito. E Já deu inúmeras provas disso. Acreditar ou não em nada muda essa Lei. É uma pena que o Pena tenha viajado tão cedo. Também gostava dele. Trabalhamos juntos. Eles ficam felizes quando um cisco de saudades cai nos olhos. Fica na paz.

  • Mano sem palavras, esse texto foi um dos mas fodas que eu li
    Um mix de sentimentos eu só penso na minha coroa aquele abraço aquele sorriso dela. As vezes deu chegar em casa fazendo aquele barulho de assobio bem alto e ela gritando e rindo “tá doído é” coisas que nunca mas poderei fazer mas a voz dela ecoa na minha cabeça parecendo que está falando comigo.

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