Quem tem “medinho” de assumir que tem medo? – Crônica de Lú de Oliveira

Crônica de Lú de Oliveira

Tenho medo de aranha. Tenho uma teoria, seria isso? Não sei. Tenho uma ideia fixa que, se você tentar e não conseguir matar uma aranha, ela vem e tenta se vingar de você. Sei disso.

Na minha casa sempre aparecem aranhas grandes. Eu as mato. Às vezes com dificuldade e “muita” luta. Uma vez, comecei uma situação com uma aranha umas 21h e terminei de madrugada. Ela se escondia e depois voltava e aparecia bem perto de mim. Juro! Eu tinha certeza que ela queria se vingar por eu estar “tramando” a sua morte.

Mas meus medos não param por aí. Tenho medo de fantasma, assombração e coisas do tipo, até porque, tenho algumas histórias “sinistras” na minha vida com relação a isso. Leia a postagem da casa mal assombrada e entenderá tudo.

Meus medos não param aí. Tenho pavor de ficar doente. Tenho horror a altura. Tenho medo de pessoas desequilibradas, é… sabe aqueles malucos que saem atirando ou esfaqueando todo mundo? Só o fato de pensar em ser ferida de arma branca, já me causa arrepios. Então… tenho medo de levar choque elétrico ou anafilático. De acidente de carro, de ônibus, avião, bicicleta ou até mesmo de ser atropelada na rua ou estar andando e “pumba”: cair em um buraco e quebrar uma perna! Tenho medo de raios e trovões, e de terremotos, maremotos e afins. Tenho temor das pessoas que odeiam e fofocam, e julgam e condenam. Fico apreensiva quando tenho pesadelos, tenho verdadeiro pânico de que as coisas aconteçam na realidade.

Quando eu era criança, tive por muito tempo, medo que um bicho entrasse no meu ouvido e “comesse” meu cérebro. Parece uma coisa comezinha, mas confesso, deslavadamente que passei mais de um ano dormindo com touca para proteger as orelhas. Lembro que certa feita, li um livro de terror – O cemitério, do Stephen King – meu Deus! Fiquei literalmente aterrorizada por muito tempo. Meu cérebro processava o que eu lia e as imagens apareciam na minha frente como um filme. Eu queria dormir com a luz acessa, mas minha mãe não deixava, falei que estava com medo e ela deu a dica: acende uma vela pro seu anjo da guarda, gostei. Meu anjo também, já que recebeu luz por quase um ano.

Decididamente, não posso assistir filmes de terror. Não consigo dormir. Tenho medo da morte. Não do fato de morrer em si, mas daquela coisa: e depois? Para onde vou? Vou?

Pois é. Sou assumidamente uma medrosa. Será? Acho que bem no fundo não sou. Sou apenas uma pessoa que não tem medo de falar que tem medo. Que assume que é vulnerável mesmo sendo “corajosa” diante de situações inusitadas. Um ser muito forte que enfrenta situações de risco, mas que ainda conserva um inestimável respeito a uma simples e aparentemente inofensiva barata. Que tem a ousadia de um guerreiro para participar de um esporte de luta, mesmo que com adversários notadamente mais fortes, mas que foge de uma mera contenda.

Tenho medo dos políticos inconsequentes que desviam verbas e isso me faz ter medo do hospital público, da segurança pública, de depender um dia de um abrigo de idosos que seja de administração pública. Tenho medo que novamente façamos as escolhas erradas e paguemos caro por isso. E você? Tem medo do que? De quem? Espero sua resposta. Beijos da Feia.

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